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O QUE FAZER EM VENEZA (ITÁLIA)

Veneza é a cidade dos canais, das gôndolas, do carnaval e dos turistas. Ganha pela sua peculiar distribuição 50-50 por via terrestre e aquática.

Fomos a Veneza, yeah! Ainda nenhum de nós tinha ido, e como queríamos mesmo, mas mesmo passar a passagem de ano fora pensámos: Porque não? E lá fomos.

A lagoa de Veneza e parte da cidade são património UNESCO. São 117 ilhas separadas canais, mas unidas por pontes. Originalmente terá começado pelo agrupamento de refugiados de outras regiões de Itália que fugiam das invasões germânicas, apesar de se pensar que já existiam pescadores na lagoa. Veneza foi a capital da República de Veneza, uma potência marítima da idade média e do renascimento e foi uma cidade rica durante vários séculos graças ao comércio da seda, fibras e especiarias. Artisticamente também foi muito importante, por exemplo no renascimento. Podemos dizer que Portugal ajudou a fazer cair Veneza, já que a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a chegada às Américas vieram reduzir o comércio no Veneto. Deslocando os portos comerciais Veneza teve que lutar com a Turquia pelas rotas por terra. Depois Napoleão invadiu a ilha e dividiram o espaço entre França e império Austro-húngaro.

Veneza é um local idílico de Itália, muitos consideram romântico, outros gostam pela folia do carnaval, há quem visite a Bienal ou o Festival de Cinema, é uma das paragens dos cruzeiros e uma das cidades onde mais se fala do excesso de turismo.

Excesso de turistas?

Até à pandemia Veneza vivia aquele momento que muitos dizem viver em Lisboa, e se achávamos descabido achar que temos na capital portuguesa turistas demais, mais achamos agora, depois de ter estado na cidade italiana. Falamos de quê? De como morador não se conseguir usufruir da sua cidade porque está toda voltada para o turismo. Isso faz sentido em Veneza, porque no fundo falamos de ilhas separadas por canais, ruas estreitas, unidas por pontes, duma deslocação necessária para tudo, inclusive compras, idas ao hospital muitas vezes mais fácil pela lagoa do que por terra. Diríamos que reconhecem um morador de Veneza pela forma ágil como carrega com carrinho de compras pelas ruas estreitas e como o maneja para subir com ele os degraus que levam às pontes. Lisboa está a anos luz disso.
Porque dizemos até à pandemia? Porque Veneza parou em 2020 como parou quase todo o mundo. Deixando de haver turistas, fecharam grande parte das torneiras financeiras que alimentam a cidade, mas também reduziu o fluxo diário de gente que deambula, que lhes entope os canais em gôndolas e que pára para tirar fotos nos seus vestidos coloridos escondidos em mochilas ou por baixo de casacos. Chegaram a testar torniquetes para controlar o acesso à praça São Marcos, introduziram taxas turísticas diárias altas, mas o que vimos foi uma certa conformação de que o turista incomoda, mas dá jeito. E que sem ele 2020-21 foi um longo período difícil. De qualquer forma, deve entrar em vigor antes do verão a pré-reserva de entrada em Veneza. Todas estas medidas servem para tentar reduzir o turista que vem só por um dia. Não trazendo grande mais valia para a economia.
Falando em pandemia e viajar, apesar de falarmos de Europa, e todos sabermos que o cartão Europeu de Seguro de Doença funciona relativamente bem dentro na UE, nós gostamos de fazer seguro. Principalmente agora desde que temos a Maria, sem dúvida que o seguro é a prioridade. Nunca se sabe quando precisamos dum pediatra ou quando preferimos ir a um hospital privado (o CESD só funciona no público). O seguro que nós fazemos é da IATI e com o nosso link têm 5% de desconto.

O que visitar

Muita gente foca a sua ida a Veneza à Praça São Marcos, e dando a volta aos seus edifícios e vendo as pontes Suspiro e Rialto considera que viu tudo. Há mais. Veneza deve ser desfrutada nas ruas, palmilhando, mas com algum critério para não andarem às voltas sempre nos mesmos bairros. Esqueçam os cais famosos para as fotos do Instagram, há imensos onde podem fotografar. É importante conhecerem os bairros para perceberem do que falamos e onde ficam.

San Marco

É o bairro onde muita gente se concentra dizendo que já conheceu Veneza, já que inclui a Ponte Rialto e a Praça São Marcos. Também abrange o Ilheu de São Jorge Maior.

Piazza San Marco

A única praça de Veneza e segundo Napoleão “o salão mais bonito da Europa”. É do século IX. Aqui ficam a maioria dos pontos de interesse da cidade, havendo quem não visite mais nada. Sugerimos que programem a vossa estadia para passar aqui algum tempo. Aqui ficam o Campanile (o campanário da basílica) e a Torre dell’Orologio. Também fica aqui o café mais caro da Europa, no Café Florian, não sabemos se a informação é verdade mas foi-nos dita na Free Walking Tour.

A praça está no ponto mais baixo, por isso a acqua alta tem imagem de marca aqui. Já agora, a acqua alta não tem a ver com as chuvas de inverno, mas sim com a subida das águas do Adriático. O fenómeno acontece cem vezes por ano geralmente no inverno e primavera. Há anos que marcaram Veneza, em 1966 subiu 1,94m e em 2008 subiu 1,56m. Na praça são colocados uma espécie de passadiços elevados para que os turistas consigam visitar a praça. O fenómeno com valores de subida de águas tão dramáticos irá acontecer cada vez menos, pois o governo italiano conseguiu concretizar o projecto MOSE, umas barreiras invisíveis que sobem para “parar” as águas em caso de elevação do nível de água na lagoa.
Nota: é proibido comer e beber na praça, e claro, alimentar os pombos.
Durante a nossa visita havia obras na praça, temos poucas fotos porque havia barreiras metálicas, sinalização e outras coisas não fotogénicas.

Basilica di San Marco: vale mesmo a pena entrar, apesar de ter passado a ser paga agora em 2022. A basílica é uma obra bizantina impressionante. Tivemos um deja-vu e regressámos mentalmente à Turquia. Istambul ou Constantinopla que foi capital do império bizantino tem muitas igrejas com essa arquitectura (por exemplo Agia Sophia ou Chora), Disseram-nos que o bilhete a comprar é o do Museo e Loggia Cavalli que custa 7€, à porta. Ficam a ver a basílica do mezzanine. Nós gostámos muito da Pala D’Oro (o retábulo) e achamos que vale a pena pagar para entrar. Podem sempre ir à missa, que é grátis.

  • Basilica Cattedrale di San Marco ingresso 6,00 €
  • Basilica e Pala d’Oro 12,00 € 
  • Basilica e Museo e Loggia Cavalli 15,00 € 
  • Basilica completo – full ticket (Basilica, Pala d’Oro, Museo e Loggia Cavalli) 20,00 € 
  • Campanile di San Marco 12,00 € 

Preço normal à porta San Clemente ou nas bilheteiras interiores:

  • Basilica Cattedrale di San Marco 3,00 € 
  • Pala d’Oro 5,00 € 
  • Museo e Loggia Cavalli 7,00 € 
  • Campanile di San Marco 10,00 € 

Campanile: a torre sineira tem 99 metros de altura e permite vista panorâmica sobre a praça, mas já falaremos de vistas panorâmicas, não é a melhor. Foi o protótipo de todas as torres sineiras da lagoa. Colapsou em 1902, mas foi reconstruída exatamente como era. Precisam de escolher a data de visita.

 

Torre dell’Orologio: este icónico edifício da praça data do século XV. O seu relógio é diferente, tem os signos e divide-se não em 12, mas em 24 horas. As visitas são guiadas em italiano, inglês ou francês. Custa 15€, e o preço reduzido é 12€. Menores de 6 anos não são admitidos. Vejam no site os horários das visitas, para escolher.

Palazzo Ducale: é um exemplo arquitectura gótica, mas que foi agregando outros estilos nas consequentes renovações. Foi reconstruído após vários incêndios, e albergava apartamentos, governo, prisões. Após o século XVII separou-se a cadeia do edifício principal. Ficaram unidos pela Ponte dos Suspiros. É aqui que começa um equivoco muito comum em Veneza. Há imensa gente que acha que são suspiros de amor, e pedem em casamento a outra metade em passeios de gôndola debaixo da ponte (histórica verídica acontecida durante a nossa estadia). Gente, são suspiros de “último suspiro”, de passagem para uma vida no cárcere. Após a queda de Veneza e após ter passado pelas “mãos” francesas e austríacas foi albergando diversas entidades públicas. Já averbada a Itália é reconstruído e abre como museu.


Podem comprar bilhete para todos os museus da praça. Este bilhete custa 30€, ou 15€ (bilhete reduzido), também podem comprar o Museum Pass para dez museus da cidade. Este bilhete custa 41€, ou 23€ (bilhete reduzido). Os museus da Praça São Marcos são o Palácio Ducal, o Museu Correr, o Museu Arqueológico Nacional, e a Sala Monumental da Biblioteca Nacional Marciana. Se comprarem na bilheteira tem a validade de 24 horas para visitarem todos os museus (recebem logo os dois bilhetes- Palácio Ducal e Museu Correr). Se comprarem pela internet têm de escolher o data, entre os próximos 3 dias.
Parece-nos que o bilhete mais interessante para comprar do Palácio seja os itinerários secretos, são uma visita guiada. Custa 33€ ou 21€ (bilhete reduzido), este tour não é acessível nem recomendado a grávidas. São aceites crianças a partir dos 6 anos.

Ponte dei Sospiri: é uma das pontes mais famosas de Veneza. Construída em 1600 para unir o Palácio Ducal (com salas de interrogatório) às novas prisões. É desenho de Antonio Contino e de estilo renascentista. Várias cidades do mundo adoptaram o mesmo nome para baptizar as suas pontes, como por exemplo Oxford, que chama à ponte que une os dois edifícios do Hetford College, Bridge of Sighs. Falamos nisso no nosso roteiro a Oxford.

Curiosidade: Giacomo Casanova não deu o seu último suspiro de desespero ao atravessar a ponte. Condenado a 5 anos de cadeia em 1755, por ter uma vida um tanto ou quanto pouco recomendável, chegou à prigioni cheio de planos e vontade de escapar. Conseguiu fugir fazendo um buraco no tecto. Mais tarde escreveu sobre isso.

Museo Correr: Napoleão decide demolir uma igreja que existia na praça e criar um edifício que a fechasse. Nasce assim a Ala Napoleónica, hoje com a Procuradoria Nova alberga 3 museus: Museu Correr, Museu Arqueológico Nacional e as Salas Monumentais da Biblioteca Marciana. O edifício começa a sua construção durante o império de Napoleão, mas só ficou concluído já durante o domínio austríaco, tornando-se a residência dos Habsburg quando visitavam a cidade. Visitarão os aposentos de Sissi, a imperatriz austríaca, se entrarem no museu. Esta residência real tem um estilo diferente do Palácio Ducal, mostrando uma vontade de marcar uma nova era na cidade.
Correr era um amante de arte e grande coleccionador. Doou o seu acervo à cidade com regras explícitas de como teria que ser gerido. Em 1922 o Museu Correr foi transferido para a Ala Napoleónica e Procuratie Nuove.
No preço inclui-se o conjunto Praça São Marcos (excepto Torre do Relógio) por 30€, ou 25€ se comprarem online com mais de um mês de antecedência. Se comprarem na bilheteira recebem logo o bilhete para o Museu Correr e o Palácio Ducal. Nós com a Free Walking Tour perdemos a oportunidade de entrar, mas também não tínhamos planeado ir. Ficámos com medo que fosse um excesso de museus para a Maria.
Disseram-nos que vale a pena ir ao Café e não precisam de ter bilhete para lá entrar.

Museo Archeologico Nazionale: fica na Praça São Marcos e está incluído no bilhete de 30€, através do Museu Correr. Foi fundado em 1523 pelo Cardeal Dominico Grimani que doou à cidade a sua colecção particular. Tem um acervo de esculturas, moedas, cerâmicas, bronzes e gemas.

Biblioteca Nazionale Marciana: fica em frente ao Palácio Ducal, na Piazzetta San Marco. O Palácio foi iniciado em 1537 para albergar a coleção do cardeal Bessarione. A coleção de livros foi aumentando porque recebeu as obras de mosteiros da região e todas as editoras tinham que doar uma cópia de cada livro editado. Pelo Museu Correr, têm acesso às Salas Monumentais da Biblioteca, Ala Napoleónica, e o bilhete está incluído no geral dos museus da praça de São Marcos. É através das salas monumentais que se consegue visualizar a grandiosidade e beleza da obra de Sansovino. Está incluído no bilhete de 30€, entrada pelo Museu Correr.

Caffè Florian: O café abriu em 1720 com o nome Alla Venezia Trionfante, mas rapidamente passou a ser conhecido pelo seu dono, Floriano. O site diz tudo, ninguém entra no Florian pela qualidade do café, mas tal como se faz em diversos cafés históricos nesse mundo fora (A Brasileira, em Lisboa, o Majestic no Porto), entra-se pela experiência de uma vida. Não venham aqui se quiserem beber café, venham se quiserem conhecer o espaço e sentirem-se clientes como fizeram burgueses, empresários, políticos, comerciantes ou nobres. Para terem noção dos preços, um expresso custa 7€, um chocolate quente 15€, um chá custa entre 12,5 e 15€ e um spritz 16€. Os croissants, por exemplo, custam 3€. Há pequeno-almoço, brunch ou chá da tarde, mas os preços começam nos 38€.
Dica: Por incrível que pareça, não cobra a utilização das casas de banho, por isso mães com bebés, é um bom sítio para trocar fraldas. A maior parte dos sítios não tem muda fraldas e as casas de banho são públicas e pagas.

Colonna di San Marco e Colonna di San Todaro: as colunas ficam viradas para o Grand Canal na Piazzetta San Marco entre o Palácio Ducal e a Biblioteca Nacional. No natal ficava aqui a árvore de natal. A coluna San Marco representa o santo em forma de leão alado, representando a Serenissima e San Todaro que dá proteção à cidade. Reza a lenda que eram três colunas, cada uma transportada num barco e um naufragou. Um veneziano não passará no meio nem parará entre elas, já que aqui muitos presos foram enforcados ou esquartejados aqui. Têm vista para a ilha de São Jorge.

Fora da Praça São Marcos

Giardini Reali: se quiserem caminhar num jardim, têm este. Fica junto ao canal e é de acesso gratuito. Nós estivemos aqui com a Maria a descansar e a deixá-la correr um bocado, já que é difícil junto aos canais e entre as ruelas.

Se quiserem apanhar uma gôndola por 2€ fica logo a seguir. Há vários na cidade, só precisam de procurar no mapa Gondola-Traghetto. Nós fizemos o Dogana até à Basílica de Santa Maria della Salude. A fachada da basílica estava em obras.
Nota: a viagem não é confortável, já que vão sentados nas beiras laterais da gôndola.

Museo della Musica: fica na Chiesa San Maurizio, virada para a ponte que leva até ao Campo de São Estevão. Não se sabe muito sobre a sua história, mas é referida em documentos de 1088 e sabe-se que foi reconstruída em 1580. Em 1806 foi demolida e reconstruída. O museu dedica-se a homenagear a arte de fabricar instrumentos de música. Os seus artesãos construíam principalmente violinos. Abre todos os dias das 10 às 20 e fecha das 13 às 15h. O audioguia custa 5€ e os tours privados 20€.

Chiesa di Santo Stefano: é do século XIII, de estilo gótico e tem obras interiores de Canova e Tintoretto, mas é o campanário que a põe nesta lista. A sua torre sineira tem uma inclinação indiscutível. Se forem ao museu da música, vêem logo que a torre tem algum problema. Em Veneza é fácil encontrar edifícios inclinados porque os solos estão a ceder, esse é um dos problemas da cidade, lentamente afunda-se.

Teatro La Fenice: dois incêndios abalaram a cultura da cidade, desfazendo o teatro que foi construído entre 1790 e 1792. O nome tem exactamente o simbolismo de mostrar que tem a capacidade renascer das cinzas. Abriu em 2003 completamente renovado com uma semana de concertos. O grande evento anual ocorre com pompa e circunstância e é o Concerto de Ano Novo, transmitido na RAI (canal estatal). O concerto termina sempre da mesma forma, com a famosa ária “Libiamo ne ‘lieti calici” da Traviata de Giuseppe Verdi. Passámos em frente neste dia e podemos dizer que é bem frequentado.
O incêndio de 1996 que o destruiu complemente foi intencional, os electricistas percebendo que não iriam terminar a tempo decidiram criar um contratempo para ganhar uns dias… O contratempo tornou-se um incêndio de grandes dimensões e nada se salvou. O teatro foi reconstruído segundo o lema com’era, dov’era, ou seja tal como era e onde estava.

Gelataria Suso: esta gelataria da moda estava às moscas quando lá passámos. Fica perto da ponte de Rialto, por isso são gelados muito fotografados com vista para a ponte.

T Fondaco dei Tedeschi Rooftop Terrace: temos muito a dizer aqui, apesar de à primeira vista parecer só um centro comercial de luxo.
História: já em 1225 existia um edifício onde comerciantes alemães faziam os seus negócios. Um incêndio e mais tarde Napoleão trouxeram contratempos aos comerciantes. O edifício esteve abandonado até ser transformado na Central dos Correios de Veneza. Já nos anos 2000 foi comprado pela Edizione Property que contratou Rem Koolhaas e o estúdio OMA para a sua renovação. Abriu portas em 2016. Vale a pena visitar o edifício de 4 pisos, mas provavelmente não é um espaço onde os comuns mortais gastem o seu dinheiro.
Rooftop: este centro comercial é conhecido pela sua vista panorâmica, gratuita, mas que exige reserva no site. Está sempre esgotado. Marquem assim que decidirem as vossas datas de viagem. O calendário abre com 21 dias de antecedência e as visitas são de 15 minutos.

Dica para famílias: Se têm um bebé ou crianças muito pequenas passem por aqui. Podem mudar a fralda sem pagar (os WC’s em Veneza são públicos e pagam-se), mas há mais. Existe toda uma secção infantil com zona de amamentação e alimentação e até para brincar. Esta zona é acessível a partir do atendimento ao cliente, eles é que vos abrem a porta.

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